O ARTIGO 60º

A FPP recomendou às Associaçoes Regionais o cumprimento do Regulamento Oficial de Provas e Competições por si emanado e aprovado em assembleia geral em 2006.

Até à época passada, o artigo 60º daquele regulamento tinha sido considerado por algumas Associações "letra morta", e cada uma à sua maneira realizava e controlava competições regionais de Bambis, Benjamins e Escolares, promovendo dessa maneira torneios regionais dos mais pequenos, assegurando para tal a nomeação de árbitros, recebendo relatórios de jogo, registando classificações, atribuindo medalhas e por vezes taças às equipas achadas como vencedoras.

Participavam assim as Associações Regionais na formação daqueles atletas a quem pela seriedade posta na competição prometiam continuidade na modalidade, começando cedo a saber o que é jogar hoquei em patins com espírito de competição, por muito ligeiro que ele fosse.

Temos por experiência que os árbitros que intervinham nos jogos destes escalões, sempre tiveram uma postura didática e eram activos colaboradores dos clubes na formação de futuros atletas prestando com o seu julgamento das situações de jogo uma inestimável ajuda ao ensinamento das regras em situações reais e no momento oportuno. Eram também o garante do cumprimento do "Regulamento Técnico Pedagógico", referido no ponto 3 do tal artigo 60º.

Mas o cumprimento total do referido artigo, impôe na presente época algumas alterações, para a qual os clubes foram avisados, mas que acima de tudo fere quem trabalha com os atletas destes escalões, porque desliga na totalidade as associações das classes de formação básica da modalidade, quando o que seria de esperar seria precisamente uma maior intervenção e apoio, no sentido de a partir daí cimentar os alicerces de uma modalidade que já foi forte em Portugal.

Vejamos então algumas alterações exigidas para a época 2007/2008;

-Calendário de Jogos: Em função das 10 equipas existentes na A.P.Ribatejo, a Associação limita-se a efectuar o calendário de jogos e... nada mais.

-Arbitros: Este ano a A.P.Ribatejo não nomeia àrbitros para estes jogos. Segundo o tal artigo 60º, nestas categorias os jogos devem ser arbitrados por atletas da equipa da casa de categorias superiores, juvenis, juniores ou séniores...

-Linha de anti jogo: Nestas categorias é permitida a utilização de toda a pista sem qualquer linha delimitadora de anti jogo...

-Tempo de jogo: Os jogos serão disputados em duas partes de 16 minutos com cinco minutos de intervalo entre si e mudança de campo e um minuto de intervalo aos primeiros e terceiros oito minutos.assim será 8+1+8+5+8+1+8.

-Guarda redes: Cada equipa deverá obrigatóriamente apresentar na sua formação dois guarda redes, e ambos devem jogar pelo menos um periodo de 8 minutos.

-Jogadores de campo:Independentemente da sua quantidade que se limita a 8, todos devem participar pelo menos num periodo de 8 minutos, e nenhum poderá participar nas quatro partes do jogo.

-Time out: Nestes escalões durante os jogo não haverá lugar a "time out".

-Objectivos desportivos: Não há..."Sugere-se que nas concentrações/convívios não se proceda à entrega de qualquer troféu, podendo ser apenas entregue uma pequena medalha comemorativa do evento, sem diferenciar vencedores e vencidos"...

Aglutinando tudo o que acima se refere, estamos perante um grupo de atletas que federados não tem competição reconhecida e apoiada e que mesmo quando por carolice de alguns esta acontece, é de uma forma subrepticia e supostamente hibrida, já que os atletas não terão nunca o propósito de vencer competindo. Está-se afinal a contrariar aquilo que é a razão de ser do mundo em que vivemos, a competição. Esquecendo que desde que nos levantamos todos os dias todos, em todo o lado estamos a competir com o mundo que nos rodeia.

Afinal estaremos a preparar atletas para quê?- Provavelmente para ao fim de um ou dois anos de escolas de patinagem e hoquei optarem pelo futebol onde podem competir logo a partir dos seis anos.

Não pretendo com isto dizer que este artigo, o tal 60º, está todo mal, acredito que quem o aprovou não se apercebeu das suas implicações. Decerto quem o fêz não quiz matar o hoquei em patins nas suas bases, mas que deve rápidamente ser revisto não tenho dúvida, por isso aqui lanço um apelo aos orgãos dirigentes do hoquei patinado Português para que em tempo oportuno ponham à discussão a sua problemática e encontrem nos interessados as soluções para que os mais pequenos atletas se sintam bem vindos à modalidade e para todos aqueles que com eles trabalham sintam que vale a pena tanto esforço e dedicação ao hoquei em patins.